OS JOGADORES
Aqui entramos na última parte da descrição dos componentes
essenciais do jogo de xadrez. Isso porque, mesmo na Lenda de Sessa, o jogador
só aparece depois de se ter inventado os demais componentes do jogo; para tanto,
é só recordarmos que quando Sessa apresenta o xadrez para o Rei, ele expõe
primeiramente o tabuleiro, depois as peças, em seguida as regras e só depois de
tudo isso é que os jogadores passam a praticá-lo. O jogador só desponta depois
do jogo estar pronto para ser exercitado. Ele é um operador, um intermediário
que faz com que o jogo se realize.
Historicamente, no início, na Índia Antiga, o jogo era
praticado por quatro jogadores e só depois, na Pérsia (atual Irã), que passou a
ser jogado por duas pessoas, como ainda hoje é praticado. Dessa forma, são necessários
dois jogadores, cada qual responsável pela condução de seu bando, de seu reino.
Mas, qual o papel do jogador no jogo de xadrez? Quais são as suas obrigações enquanto
componente do jogo?
A maioria das pessoas acreditam que o papel do jogador é
mover as peças. Mas, quando o observamos de maneira mais apurada, notamos ser
ele um componente muito mais complexo e intrincado do que na maioria das vezes
imaginamos. Quem joga sabe o grau de intensidade que é exigido numa partida de
xadrez. E tanta responsabilidade se deve à função que lhe é atribuída enquanto
componente do jogo de Sessa. Para realizar sua incumbência é necessário que
realize simultaneamente a junção dos demais componentes que perfazem o jogo de
xadrez. Sendo assim, para ser jogador de xadrez, antes ele tem que conhecer
cada componente isoladamente, caso contrário não terá como praticá-lo. Essa exigência
não é exclusiva do xadrez, mas como seus componentes são diversificados, obriga
que o jogador se prepare mais para poder realizar uma partida. É exatamente
essa diversidade de conhecimentos que iremos abordar, para com isso,
conseguirmos atingir um melhor entendimento do grau de importância e compromisso
deste em uma partida de xadrez.
O jogador tem que conhecer o tabuleiro, o espaço limítrofe que
ele poderá utilizar, para que com isso possa respeitar sua composição e seus
limites. Só assim, poderá aproveitar o máximo que esse componente pode oferecer
para que atinja o que o tabuleiro pode proporcionar durante uma partida.
Outra obrigação importante para o jogador, é de conhecer cada
peça do jogo, sabendo como se movimenta e captura; sabendo manuseá-la tanto
individualmente, quanto com as demais peças no tabuleiro. Como as peças são de
diferentes tipos, o jogador tem que conhecer as diferentes naturezas e
características de cada uma delas, para que quando empregadas ele saiba
escolher qual o melhor momento para movimentá-las, aproveitando a plenitude que
cada peça pode alcançar, a cada lance.
Em relação as regras do jogo, o enxadrista tem que conhecer,
respeitar e acatar cada uma delas, sabendo quando aplicá-las, buscando ser
justo e exato, para poder aproveitar tudo que cada regra oferece na realização
do jogo.
Dessa forma, o jogador é o intermediário, o elo que liga
todos os componentes, aplicando-as conjuntamente através da partida, onde o
jogo passa a existir, onde ele se desenrola e se realiza. O jogador é essa
conexão, esse componente unificador que unidimensiona os diversos elementos em
um único corpo, dando vida e vigor ao jogo de xadrez. É a consciência do jogo,
aquilo que envolve, orienta, organiza e dá sentido a cada peça, regra ou casa a
ser ocupada. É a alma do jogo, pois é ele que faz com que cada componente
inerte, ao ser unido aos demais componentes inertes, ganhem corpo, vida e
fluidez.
Por fim, o jogador é o único elemento externo do xadrez, já
que existe antes e depois da realização de uma partida. Inclusive, o jogo foi
criado para o jogador, para servir seu praticante, o que lhe dá uma condição de
onipotência e onisciência quase divina por ser a razão de ser do jogo, seu início,
meio e fim.
Com isso, terminamos essa série de análise dos componentes
que constroem o jogo de xadrez. Espero termos conseguido ampliar a visão acerca
desse jogo tão rico de possibilidades.
Nas próximas postagens, começaremos uma série de abordagens
acerca da aplicabilidade do xadrez nas mais diversas áreas, como maquete para
estudos e vivências, aperfeiçoando nosso conhecimento teórico e prático em cada
área referenciada. Nossa primeira postagem será acerca da gestão no jogo de
xadrez. O título será: XADREZ: UM JOGO PARA GESTORES.
Abraços
Fernando Manarim
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