xadrez

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O TABULEIRO - PARTE II - AS CASAS


O TABULEIRO

PARTE II

AS CASAS

 

Continuando nossa abordagem sobre o tabuleiro, o segundo ponto a ser analisado são o que chamamos de casas, ou seja, a subdivisão interna desse grande quadrado que é o tabuleiro. Lembrando que nossa abordagem se preocupa com o conhecimento das civilizações arcaicas, responsáveis pela criação do xadrez, pois foi este conhecimento o verdadeiro responsável por seu nascimento.

O tabuleiro é subdividido em 64 casas, quadrados menores que simbolizam o mesmo que o quadrado maior, mas, serão o quadrado de cada peça e não e todas as peças como é o quadrado do tabuleiro.

 
64 é um número importante para as culturas antigas, como, por exemplo:
No budismo: a mãe de Buda era descendente de uma família com 64 espécies de qualidades.
Na tradição chinesa: Confúcio pertencia a sexagésima quarta (64) geração, desde de o fundador de sua dinastia, Houang-Ti.
Na Bíblia: segundo Lucas, Jesus era a 64º geração depois de Adão.

O número 64, também, não foi escolhido a esmo, mas foi fruto do conhecimento arcaico, já que 64 é o cubo de 4 (4x4x4) e o quadrado de 8, e segundo a ciência dos antigos, como já vimos na postagem anterior, o quadrado, que representa o mundo das formas, elevado à terceira potência (4x4x4), significava a plenitude da expansão. Assim, o tabuleiro de xadrez representa a expansão máxima que uma forma concreta pode alcançar e permite ao praticante atingir o máximo que um corpo pode permitir, exercício fundamental para que depois ele tente aplicar em si mesmo, na sua vida.

Para a cultura indiana tradicional, o número 64 é o número da realização da unidade cósmica, já que para eles os números poderiam ser reduzidos a uma unidade, que segundo eles eram os únicos verdadeiros, já que só existiam os números de 1 à 9, sendo os demais, sequências reduções a estas unidades. Por isso, 64 representa a unidade cósmica pois 64 é igual a 6+4 = 10, onde 1+0 = 1, que tinha o significado de unidade, incorporando a tudo e a todos. Logo, segundo essa ótica, o xadrez tem como principal objetivo transformar a dualidade em uma unidade, e isso é verdade, pois quando é dado o xeque-mate, o dois se transforma em um, o tabuleiro vira uma unidade.

 
Seguindo essa linha, para a escola pitagórica todos os números que podiam ser reduzidos ao número 1 (unidade cósmica), eram chamados de número de ouro, os números perfeitos e que representavam o divino; por exemplo: 10, 19, 28, 37, 46, 55, 64...

 
Para os maçons e rosa-cruzes o número 64 (8x8), era a afirmação da Lei do Quaternário (dos corpos, das formas concretas), que eles chamavam de Tetragramaton, onde o número 32 (2x16), correspondiam aos 2 jogadores com suas 16 peças. Todo esse simbolismo representava o que eles invocavam como os grandes Mistérios, já que estes possuíam 32 poderes espirituais correspondentes aos 32 portais de Sabedoria, onde ao conseguir solucionar todos os mistérios existentes no tabuleiro, se atingia o 33º, síntese dos graus anteriores. É o grau máximo dentro da maçonaria, relacionado, segundo eles, à idade de Jesus Cristo, 33, simbolizando a iniciação nos mistérios da morte e da ressurreição. Correspondente, no Budismo, ao o que chamam de SAMSARA (ciclo da vida, morte e renascimento). Daí, todo o interesse que os maçons têm sobre o jogo de xadrez, que sem dúvida, quando o jogo foi criado queria simbolizar, também tais conhecimentos.

            Por essas razões, o xadrez é também chamado de o “Jogo dos Reis”, pois simboliza a tomada de controle não só sobre seu adversário ou um território, mas sobre si mesmo, sobre o próprio eu, palco de batalhas e guerras constantes e intermináveis.

            Por isso, o jogo de xadrez desperta tanto o interesse de filósofos, cientistas, artistas, políticos e intelectuais, já que ele foi estruturado no emprego de leis universais, e conhecendo-o pode se conhecer essas leis, e jogando-o pode se saber o que acontece quando essas leis são postas em ação.

            Sendo assim, o xadrez é uma pequena maquete do mundo e de seus processos. Ao se conhecer seu processo, pode se saber antecipadamente aonde isso vai levar. Por isso, muitos praticantes da arte do tabuleiro conseguem “adivinhar” o que vai acontecer antes dos demais. Sabe que determinado processo, determinadas estruturas, vão chegar em determinado fim, em determinadas situações.

            Por isso ao jogar xadrez aprendemos a antecipar, a projetar e a vislumbrar os efeitos de determinados atos. Isso faz com que tenhamos um maior controle sobre nós e sobre o nosso entorno. Assim, podendo chegar antes dos outros, ou pelo menos, podendo melhor se preparar para o futuro.

            Na próxima postagem continuaremos a falar sobre o tabuleiro. O próximo tema será sobre as cores das casas, seus simbolismos e significados para a concepção do jogo de xadrez, dentro da visão da ciência antiga.

            Abraços

Fernando Manarim

 

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