O TABULEIRO
PARTE III
AS CORES DAS CASAS
Encerrando a
abordagem acerca dos elementos que compõe o tabuleiro de xadrez, apresentaremos
diversas explicações acerca dos significados de suas cores. O tabuleiro é
subdividido por 32 casas brancas e 32 casas pretas alternadamente. Segundo as
tradições essa configuração nos remete a uma mandala.
Para a
tradição hindu antiga, a casa branca representa o pano de fundo espiritual,
onde se assentam e se misturam as malhas da matéria (Universo Manifestado). Ele
é uniforme e homogêneo. É do branco (invisível) que retiramos as nossas
energias e sentido que, segundo eles, nos conduzirão nos labirintos do mundo.
Segundo essa
mesma tradição, o branco seria a plenitude, o eterno, o imperecível, por detrás
do mundo da ilusão, as casas negras, o concreto, o finito e cíclico. Logo, o
que existe realmente como coisa concreta seriam as casas negras, simbolizando o
material. Que, segundo eles, seriam as “casas da oportunidade”, os 32 Caminhos
da Sabedoria. Para a ciência das civilizações antigas a encarnação era uma
possibilidade de se atingir a sabedoria e com isso não precisar mais
reencarnar. Dentro dessa perspectiva jogar uma partida de xadrez é uma
possibilidade de se atingir a sabedoria plena, que no caso, seria atingir o
conhecimento pleno do jogo e, com isso, não precisar mais jogar xadrez, por ter
decifrado todos os seus enigmas e mistérios, a realização completa do jogo em
todas as suas fases e percalços.
Para a
ciência arcaica, as casas representariam ladrilhos onde pisamos, quadrículas
alternadamente branco e negro, onde as peças refletiriam os jogadores.
O tabuleiro
é composto com a mesma intenção e significado do piso nas catedrais e templos
religiosos. Se forem à Catedral da Sé, por exemplo, a cripta tem seu piso
quadriculado como um tabuleiro de xadrez, o mesmo ocorrendo com o piso das
lojas maçônicas.
As cores
branco e preto das casas atua conforme o sentido binário, princípio fundamental
para a ciência das civilizações antigas, que se apoia nesse sentido como vemos
nos conceitos de Yin e Yang, Luz e Trevas, Céu e Inferno, Espírito e Matéria...
Foi dentro
desta perspectiva que todo o tabuleiro foi criado e construído por seus
criadores e aperfeiçoadores durante sua existência. O jogo possibilita que o
jogador percorra o tabuleiro de vários modos: em coluna, em fila e em diagonal.
Estes movimentos refletem o dinamismo da vida que exige do jogador (homem)
qualidades como a atenção e a responsabilidade, pois em qualquer sentido que
trilhar seu caminho, ira arcar com as consequências de suas escolhas e atos.
CONCLUINDO:
O tabuleiro
foi criado como um verdadeiro campo de guerra, onde as batalhas são
empreendidas. Dentro da simbologia antiga o tabuleiro simboliza o espaço onde a
pessoa nasce (início de uma partida), vive (joga a partida) e morre (termina a
partida). Sendo o tabuleiro a representação do espaço universal, a ideia mais
próxima que temos de algo infinito e eterno. Onde as partidas (ciclos) começam
e terminam, mas o espaço (tabuleiro) nunca acaba e sempre está pronto para
abrigar novas partidas.
Logo, o
xadrez, como pudemos deduzir através da exposição acerca do tabuleiro,
transcende muito a ideia comum de ser um simples passatempo, mas principalmente
uma ferramenta que nos auxiliar numa melhor compreensão acerca dos mistérios da
vida; seus impactos, frustrações, desilusões, alegrias, esperanças, enfim,
derrotas e vitórias verdadeiros destinos da partida da vida.
Na próxima
postagem começaremos a falar acerca das peças que compõe o jogo de xadrez.
Abraços
Fernando Manarim
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