Continuando
o assunto tratado no dia 24/01/2015, afirmamos que existem outras formas de
jogar xadrez além da competição, ou seja, que o xadrez é uma ferramenta que
pode trabalhar o praticante pedagógica e terapeuticamente, ensinando a se
conhecer, conhecer os outros e conhecer o mundo a qual pertence. Isso pode ser
comprovado na Lenda de criação do xadrez, conhecida como a Lenda de Lahur
Sessa, lenda que pode ser encontrada na obra de Malba Tahan, “O Homem que
calculava”.
Essa lenda conta a história de um
rei que para vencer a guerra contra seu inimigo, tendo um exército menor, teve
que criar uma estratégia que levou-o à vitória, mas que lhe deixou como saldo a
morte de seu filho, o príncipe Adjamir.
Com peso na consciência, amargurado
e sem vontade de mais nada, passou a viver enclausurado em seu próprio quarto,
com uma caixa de areia ao lado de sua cama, riscando-a com uma varinha o
desenho da batalha onde seu filho foi ferido mortalmente. Assim, procurava
verificar se havia outra estratégia para vencer a guerra sem ter que perder eu
filho tão querido. Estava obcecado e transtornado com essa ideia fixa e não
fazia outra coisa senão riscar e apagar, riscar e apagar o desenho da batalha.
Certo dia, um jovem Brahmane de nome
Sessa, chegou ao palácio afirmando ter inventado uma coisa que daria as
respostas que o rei tanto buscava, e que dessa forma devolveria ao rei a
alegria de viver.
Sendo levado diante do rei,
apresentou a invenção: Era um jogo, constituído de tabuleiro, peças e regras.
Curioso, o rei aprendeu rápido, passando a jogar partidas com seus súditos
ininterruptamente.
Em determinada partida, o rei
tentava a todo custo vencer uma partida difícil, mas não conseguia achar uma solução. Vendo a
dificuldade que o rei passava, Sessa comentou que naquela situação só haveria
uma maneira de alcançar a vitória; ele teria que sacrificar a Dama, uma peça
valiosíssima, para poder liberar suas peças do jugo do adversário, pois só
assim conquistaria o rei inimigo, objetivo desse novo jogo.
Naquele momento o rei reconheceu que
aquela posição refletia o que ele tinha passado na guerra em que perdeu seu
filho, e compreendeu que para vencer aquela guerra, só existia uma única
estratégia, que no caso, como na partida de xadrez, teria que sacrificar sua
“peça” mais valiosa, seu filho, para poder trazer paz e felicidade ao povo de
seu reino. Aliviado, o rei voltou a reinar como antes, pois tinha entendido que
como rei ele tinha sido justo, pois o bem do povo vem sempre em primeiro lugar.
Sinteticamente, essa lenda nos
apresenta de maneira clara a verdadeira finalidade da criação do jogo de
xadrez, ou seja, mais do que um simples jogo de competição, ele representa uma
maquete onde, ludicamente, passamos por situações similares àquelas que vivenciamos
na vida real e que, por isso, podemos utiliza-lo como um laboratório de
experiências, para que na vida possamos estar melhor preparados para tal
confronto. É uma ferramenta pedagógica, por que nos ensina a utilizar todas as
potencialidades das coisas e de nós mesmos e terapêutica por nos mostrar como
nós agimos nas mais diversas situações, gerando conhecimento e
auto-conhecimento para nos aperfeiçoar nas situações cotidianas que acontecem em
nossa vida.
Futuramente, iremos demonstrar como
podemos jogar xadrez não só competitivamente, mas, também, pedagógica e
terapeuticamente.
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