AS PEÇAS
PARTE III
AS TORRES
Para os antigos a Torre pertence ao
mesmo grupo da Dama, ou seja, peça decisiva por seu movimento amplo e poderoso,
se projetando pelo mesmo número de casas no tabuleiro, independente da casa em
que se encontre. Como a Rainha, ao se movimentar cobre as casas de ambas as
cores.
A Torre era para a ciência dos
antigos uma manifestação do corpo emocional, graças a potência que adquire no
final de jogo, pertencente à mesma família estratégica da Dama, como já havia
mencionado no parágrafo acima.
Na sua primeira versão, no
Chaturanga, a torre era a Biga, um carro de guerra movido por três cavalos,
muito comum à época. Eles diziam que as torres representavam, no tabuleiro, as
ordens políticas do Poder, pois elas representavam os limites do tabuleiro e do
reino. Além disso, seus movimentos na horizontal e vertical, eram semelhantes a
uma representação gráfica do espectro político vigente, dentro do padrão de
Maquiavel dos dois eixos, X e Y, onde o comando é exercido verticalmente sobre
o povo horizontalizado.
Para o conhecimento antigo,
simbolizavam o estado de alerta, de percepção e através delas os jogadores
poderiam vislumbrar as novidades do extramuros, seja internamente, como também
externamente.
Para os esotéricos das lojas
maçônicas e rosa-cruzes, as duas torres eram o reflexo das colunas do Templo, a
coluna Dórica e Jônica: Boaz e Jakin. As duas Torres representavam, para eles
no jogo, os conceitos de força e beleza, chave para jogar uma partida da forma
mais completa e perfeita possível. A junção da força e da beleza é a
comprovação de que o estrategista atingiu a potencialidade que se pode atingir
tanto no jogo de xadrez, quanto na condução de sua existência. Também é através
delas que se adentra no templo, significado extremamente simbólico e profundo
para à filosofia esotérica, da qual eles creem.
Até o aparecimento da Rainha, a
Torre era a peça mais poderosa do jogo, e por causa disso, era à ela que se
anunciava xeque (Shah-rukh) ao ataca-la e não ao Rei, como veio a acontecer
posteriormente.
Já na Rússia a Torre recebe o nome
de Ladia, que significa barco, veículo que tinha para eles a mesma importância
que a Biga para os hindus antigos.
Na Europa medieval, época que o
xadrez foi apresentado pelos árabes, a Torre foi deixando de representar um
carro de guerra e passou a ganhar um novo significado, alterando seu nome para
Rocca, Fortaleza. Que é sua atual representação iconográfica. Também,
representava o que eles chamavam Torres de Cerco, um elemento do exército
medieval que tinha o formato da Torre do xadrez, construída em cima de uma
estrutura de rodas, que tinha como principal função ajudar na invasão das
fortalezas inimigas.
Logo, por ser uma peça extremamente
decisiva e utilizada para finalizar uma partida, deve ser muito utilizada
dentro do que sua natureza permite, pois só assim, o jogador poderá aproveitar
ao máximo todas as suas qualidades e virtudes, seja no tabuleiro, seja na Torre
que abrigamos dentro de nós mesmos ou na sociedade que estamos inseridos.
Espero ter conseguido acrescentar
mais informações e conhecimento acerca dessa peça tão importante e que, de
todas, a que menos sofreu modificações quanto ao seu movimento e
possibilidades.
Abraços
Fernando Manarim
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