PEÕES
PARTE VII
Agora iremos para última postagem
acerca das peças. Abordaremos os peões únicas peças a começarem na segunda
fila, com número de peças com maior quantidade em comparação com as demais
peças do jogo, totalizando o número de oito.
Na origem do xadrez, Sessa criou o peão para retratar a
infantaria do exército indiano, inclusive a função que esta desempenhava
durante a guerra. Como vimos, o xadrez nasceu da necessidade de dar repostas ao
rei de Taligana, daí a preocupação de o jogo representar o desenho do exército
daquele momento histórico.
Até o século XIV, ele só podia se mover uma casa para frente;
somente no século XV o peão passou por transformações importantes: podia
mover-se duas casas de sua posição original, ganhou a possibilidade da captura ”na
passagem” (an passant) e a coroação do peão, que até então só podia se
transformar em uma outra peça já capturada pelo adversário, a partir daquele
momento podia ser coroada em qualquer peça independente de ela ter sido
capturada ou não pelo adversário. Lembrando aos leitores que as peças que podem
ser trocadas pelo peão coroado são: a Ranha, a Torre, o Bispo ou o Cavalo.
Os peões mais antigos foram encontrados no Uzbequistão, e são
figuras de soldados apoiados em um dos joelhos, segurando espada e escudo,
prontos para combater.
Para os islamitas, por não poderem representar figuras vivas,
tem um design de um pequeno bloco cilíndrico.
Hierarquicamente, são as menores peças, respeitando a patente
militar. São a primeira linha de combate, sem nenhum tipo de regalia, como um
cavalo ou carro de guerra; devem avançar sem pensar, pois são os primeiros a
serem sacrificados para abrir caminho nas fileiras inimigas.
Na pirâmide social, representam a massa, o povo em geral. Daí
o peão ter movimentos tão limitados, pois isto retrata todos os automatismos,
contratempos, fraquezas, entre outras características que lhe colocam numa
posição de servidão e de poucas alternativas para a maioria
deles.
Em número de oito, no Hinduísmo representam as Oito Virtudes:
Compreensão, Coragem, Felicidade, Retidão, Conduta, Honestidade e Dignidade. No
Budismo, o Nobre Óctuplo Caminho, caminho este que ao ser cumprido faz com que
aquele que o atravessou alcance o Nirvana, seja coroado em um patamar mais
elevado, progredindo, segundo sua tradição, na evolução do Universo.
Se fizermos uma comparação com a anatomia humana, os peões
representam a ossatura de pouca movimentação, mas que estrutura toda a forma do
corpo do indivíduo.
É para os jogadores de nível elevado o principal referencial
estratégico e tático. É através de sua formação estrutural que sabemos onde
estão os pontos débeis e os pontos fortes do jogo seu e de seu adversário.
Em valores absolutos, são as peças que valem menos, mas em
valor relativo, é o valor básico da partida, tendo a mesma importância
referencial monetária de 1 dólar ou 1 real, ou seja, é a base de todo erário de
uma nação.
Por ter o menor valor absoluto é a principal peça a ser
empregada por seu valor relativo, pois nenhuma peça vale menos que ela, logo
ela pode atacar qualquer peça obrigando ao oponente se defender de tal ataque.
Como na estratégia militar, conhece-se a força bélica de um
país pela sua infantaria, no xadrez escolhe-se determinada estratégia pela
formação estrutural de sua linha de peões.
Temos o vício, na maioria dos casos, de achar que são as
peças menos valiosas, mesma avaliação que fazemos acerca do povo, de funções
menos importantes hierarquicamente dentro do mercado de trabalho e, assim por
diante; mas, na verdade, é notório que são peças da mesma importância que as
demais, pois dentro da estrutura do jogo cumprem funções singulares e basilares
para o sucesso em uma partida. Em suma, o xadrez é uma ótima ferramenta para
notarmos que não existe algo mais importante que outra, mas que tudo o que
existe cumpre uma função primordial e que sem ela a “engrenagem” não funcionaria
de maneira justa e harmônica.
Para as próximas postagens, iremos analisar a importância das
regras para o jogo de xadrez.
Cumprimentos
sinceros
Fernando
Manarim
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