AS PEÇAS
PARTE VI
OS CAVALOS
Desde de sua criação pelo brâmane
Sessa, o xadrez já trazia em sua composição a peça do cavalo. Sessa, no
Chaturanga, incluiu o cavalo como forma representativa da cavalaria, como
modelo fundamental do exército hindu daquele tempo.
O formato atual da peça foi criado
no século XV na Europa e foi fruto do renascentismo, onde os artesãos
revalorizavam a cultura clássica, adotando um design baseado na escultura da
Grécia Antiga. Diferentemente das representações da peça na cultura árabe, que
por não representarem figuras vivas, tem um desenho cilíndrico com inscrições
do nome da peça nas laterais.
Seu movimento, em L, ficou
inalterado ao longo de toda a história do xadrez, podendo pular peças
intervenientes e intrigando muitos por essa forma distinta de se movimentar em
relação às demais peças. Por isso, é a peça mais enigmática e que atrai mais
interesse por parte da maioria dos praticantes.
Por seu movimento diferenciado, ele
sempre chamou muito a atenção de estudiosos, especialmente os matemáticos, que
teorizaram acerca do que eles próprios chamaram de Problema do Xadrez, ou Passeio
do Cavalo. O cavalo é colocado no tabuleiro vazio e respeitando as regras
do jogo, necessita passar por todas as casas apenas uma vez em movimentos
consecutivos.
Esse problema aparece no livro de Bhagavantabháskara
escrito no século XVI. Durante
séculos inúmeras variações foram analisadas por matemáticos, e uma das soluções
mais famosas proposta foi a utilização do padrão do retângulo de ouro de
Fibonacci.
Outro refinamento
apresentado para a solução do problema foi proposto por Rudrata que consiste
num poema, que quando a leitura é realizada diretamente, como se não houvesse
tabuleiro, gera o mesmo poema que quando lido de acordo com as regras de
movimentação da peça.
Simbolicamente, para
as civilizações antigas, a peça do Cavalo representava conceitos como trabalho,
ousadia e astucia, valores próprios do animal e que psicologicamente auxiliaram
seus praticantes a trabalhar e eliminar medos, adversidades, temores, etc.
A forma de seus
movimentos remete à cultura pagã e a seus discípulos posteriores, os Maçons e
Rosacruzes, já que a maneira que ele se desloca nos remete ao esquadro e ao
compasso, símbolos fundamentais para as escolas esotéricas supracitadas,
derivados do L, que no sistema de numeração romana tem o valor 50, onde 5+0,
aponta para a Lei do Rigor, representando o que eles denominavam de Dharma, a
Lei Natural. Daí a peça ser desenhada na forma de cavalo, nos remetendo à
cavalaria do exército, nos referenciando às Ordens Militares, cuja principal
função na sociedade é a manutenção e o cumprimento da Lei e da Ordem, o Dharma
social.
Quanto ao esquadro e
ao compasso, símbolos sagrados para os maçons, elas simbolizam as duas
principais ferramentas com que se pode construir e dar forma à qualquer coisa
no Universo. São famosas as construções
antigas, como a dos templários, que ergueram vultosas catedrais do estilo
gótico, que até hoje nos maravilha, e que para sua arquitetura, se usaram
apenas e tão somente do esquadro e do compasso. Geometrizaram da mesma maneira
que o movimento do cavalo geometriza no tabuleiro.
Eis o papel do cavalo no jogo,
preparar apternativas para que o jogador consiga atingir a meta do xadrez,
atingir a posição do xeque-mate. Ele pertence ao mesmo grupo do bispo, peças
que auxiliam na expansão das demais peças no tabuleiro, preparando terreno para
que as peças arrematadoras, Rainha e Torres, possam evoluir no tabuleiro para
conquistar o reino adversário.
Na próxima postagem apresentaremos
os peões, última parte da seção das peças do jogo de xadrez.
Saudações sinceras a todos!!!
Fernando Manarim
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