xadrez

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segunda-feira, 20 de abril de 2015

XADREZ: UM JOGO PARA GESTORES - PARTE I

XADREZ: UM JOGO PARA GESTORES

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            Como já expusemos em postagens precedentes, o xadrez foi criado para ajudar um rei angustiado e depressivo a restabelecer a vontade de viver. Logo, o xadrez é um jogo diferenciado por poder através de sua constituição representar situações das mais variadas, já que, espelha a realidade nas suas mais diversas nuances e multiplicidades, bastando para isso, substituir os componentes do jogo pela situação a ser vivenciada.
            Essa característica é uma de suas principais qualidades, pois, o xadrez pode virar uma ferramenta essencial para simulação de acontecimentos em qualquer área que vise um planejamento estratégico e prático para sua solução. E, é exatamente essa faceta pedagógica que iremos apresentar a partir dessa postagem. Nossa primeira área a ser abordada será referente a esfera da gestão, da administração, do gerenciamento empresarial e de negócios em geral. Demonstraremos que o jogo de xadrez, se praticado sob tal enfoque, podendo prestar grandes contribuições na formação e na experimentação de sistemas de gestão e logística, antes de sua aplicação na empresa ou no mercado em geral. Espero que isso possa servir de auxílio valioso para os gestores, como também na graduação acadêmica e todos os tipos de cursos de gerenciamento e administração.

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GESTÃO:
            A palavra gestão significa gerenciamento, administração, seja de uma instituição, empresa ou uma entidade social.  É um ramo das ciências humanas que busca a sinergia entre as pessoas, a estrutura da empresa e os recursos existentes.
            Suas funções são de fixar metas e alcança-las através do planejamento, analisar e conhecer os problemas a enfrentar, buscar solucioná-los, organizar recursos financeiros, tecnológicos, exercer liderança, dirigir as pessoas, tomar decisões precisas e procurar controlar todo o conjunto.
            Enfim, todos os requisitos básicos que um jogador de xadrez precisa empregar e desenvolver nas partidas. Logo, se olharmos para o jogo como uma maquete de uma empresa ou de duas empresas disputando a hegemonia do mercado, poderemos estudar de maneira concreta e dinâmica o mundo administrativo, podendo vivenciar através dos lances qual a postura que um gestor deve ter para com a empresa e o mercado de negócios. Uma possibilidade de experimentar de maneira ativa e prática o que significar administrar uma empresa no mundo dos negócios, algo que a graduação acadêmica se ressente, por não poder passar de maneira viva qual a natureza e o perfil exigido para quem decidiu se transformar nesse tipo de profissional, por falta de ferramentas de simulação que se assemelhem de maneira dinâmica as funções exigidas para um gestor capacitado e pronto para exercer seu papel na empresa.

SIMILARIDADES ENTRE A CONSTITUIÇÃO DO JOGO E DA GESTÃO EMPRESARIAL

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            A constituição do jogo pode ser transferida para o mundo da gestão, bastando para isso justificar as semelhanças entre os componentes do xadrez e os respectivos componentes do mundo gerencial. Em outras palavras, basta transladar os componentes que constituem uma empresa para os componentes similares que formam o jogo de xadrez.
            Em primeiro lugar, por simbolizar o espaço físico onde o jogo acontece, o tabuleiro representa tanto a área espacial onde se localiza a empresa, como também pode representar o mercado concorrencial no mundo dos negócios. É a área limítrofe onde a empresa existe, ou, o espaço onde ocorre a concorrência entre as entidades afins.

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            É tarefa do gestor conhecer detalhadamente o tabuleiro de sua empresa, como também o tabuleiro do mercado dos negócios. Isso porque, é fundamental compreender e dominar o espaço para saber como ocupa-lo de maneira mais inteligente e eficiente possível, pois esse conhecimento pode lhe dar uma grande vantagem na concorrência do mundo empresarial, como também fazer com que ele diminua os gastos se souber ocupar o espaço de sua empresa de maneira mais otimizada e obtendo tudo o que esse espaço pode propiciar para agregar os lucros de sua empresa.
Sabemos que no xadrez o tabuleiro tem alguns atalhos que quando o jogador de xadrez detém tal conhecimento, pode mudar o resultado de uma partida. A forma como um jogador de xadrez ocupa o tabuleiro, demonstra o nível de excelência que este possui acerca do jogo. Uma das estratégias mais comum no xadrez é buscar controlar o centro do tabuleiro, para com isso ter vantagem espacial, fazendo com que este consiga controlar o adversário.
            O mesmo ocorre numa empresa, pois o gestor que sabe organizá-la aproveitando o máximo que sua delimitação espacial pode oferecer, faz com que ele amortize os gastos, aumentando sua competitividade, já que o custo da mercadoria ou serviço produzido tende a diminuir e com isso o preço final do produto estará mais em conta em relação à concorrência.
            O jogador que sabe ocupar as principais casas, num primeiro momento, e que depois vai aumentando sua ocupação espacial, cria um domínio e um controle sobre o adversário, que fatalmente determinará num resultado positivo. O enxadrista que joga pensando em dominar e controlar casas tem um jogo muito mais consistente e seguro, já que as casas são fixas e são uma referência muito mais estanque e certeira do que se jogar apenas pensando em atacar peças, que se movem e com isso são fugidias causando muitas dificuldades na sua captura.

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            Se o gestor visualizar o tabuleiro como o espaço geográfico a ser ocupado de maneira abrangente, ele poderá estabelecer um plano, respeitando a área e as nuances que cada superfície representa, semelhantemente a ocupação de uma empresa ou do mercado onde se estabelece as concorrências pela hegemonia entre as demais empresas.
            Na próxima postagem iremos expor a questão das peças como componentes do universo da gestão empresarial e como elas podem ser utilizadas dentro desse mundo da administração e da gerência.

Obrigado a todos

Fernando Manarim



domingo, 12 de abril de 2015

OS JOGADORES

OS JOGADORES

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Aqui entramos na última parte da descrição dos componentes essenciais do jogo de xadrez. Isso porque, mesmo na Lenda de Sessa, o jogador só aparece depois de se ter inventado os demais componentes do jogo; para tanto, é só recordarmos que quando Sessa apresenta o xadrez para o Rei, ele expõe primeiramente o tabuleiro, depois as peças, em seguida as regras e só depois de tudo isso é que os jogadores passam a praticá-lo. O jogador só desponta depois do jogo estar pronto para ser exercitado. Ele é um operador, um intermediário que faz com que o jogo se realize.

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Historicamente, no início, na Índia Antiga, o jogo era praticado por quatro jogadores e só depois, na Pérsia (atual Irã), que passou a ser jogado por duas pessoas, como ainda hoje é praticado. Dessa forma, são necessários dois jogadores, cada qual responsável pela condução de seu bando, de seu reino. 
Mas, qual o papel do jogador no jogo de xadrez?  Quais são as suas obrigações enquanto componente do jogo?
A maioria das pessoas acreditam que o papel do jogador é mover as peças. Mas, quando o observamos de maneira mais apurada, notamos ser ele um componente muito mais complexo e intrincado do que na maioria das vezes imaginamos. Quem joga sabe o grau de intensidade que é exigido numa partida de xadrez. E tanta responsabilidade se deve à função que lhe é atribuída enquanto componente do jogo de Sessa. Para realizar sua incumbência é necessário que realize simultaneamente a junção dos demais componentes que perfazem o jogo de xadrez. Sendo assim, para ser jogador de xadrez, antes ele tem que conhecer cada componente isoladamente, caso contrário não terá como praticá-lo. Essa exigência não é exclusiva do xadrez, mas como seus componentes são diversificados, obriga que o jogador se prepare mais para poder realizar uma partida. É exatamente essa diversidade de conhecimentos que iremos abordar, para com isso, conseguirmos atingir um melhor entendimento do grau de importância e compromisso deste em uma partida de xadrez.

O jogador tem que conhecer o tabuleiro, o espaço limítrofe que ele poderá utilizar, para que com isso possa respeitar sua composição e seus limites. Só assim, poderá aproveitar o máximo que esse componente pode oferecer para que atinja o que o tabuleiro pode proporcionar durante uma partida.

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Outra obrigação importante para o jogador, é de conhecer cada peça do jogo, sabendo como se movimenta e captura; sabendo manuseá-la tanto individualmente, quanto com as demais peças no tabuleiro. Como as peças são de diferentes tipos, o jogador tem que conhecer as diferentes naturezas e características de cada uma delas, para que quando empregadas ele saiba escolher qual o melhor momento para movimentá-las, aproveitando a plenitude que cada peça pode alcançar, a cada lance.

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Em relação as regras do jogo, o enxadrista tem que conhecer, respeitar e acatar cada uma delas, sabendo quando aplicá-las, buscando ser justo e exato, para poder aproveitar tudo que cada regra oferece na realização do jogo.
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Dessa forma, o jogador é o intermediário, o elo que liga todos os componentes, aplicando-as conjuntamente através da partida, onde o jogo passa a existir, onde ele se desenrola e se realiza. O jogador é essa conexão, esse componente unificador que unidimensiona os diversos elementos em um único corpo, dando vida e vigor ao jogo de xadrez. É a consciência do jogo, aquilo que envolve, orienta, organiza e dá sentido a cada peça, regra ou casa a ser ocupada. É a alma do jogo, pois é ele que faz com que cada componente inerte, ao ser unido aos demais componentes inertes, ganhem corpo, vida e fluidez.

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Por fim, o jogador é o único elemento externo do xadrez, já que existe antes e depois da realização de uma partida. Inclusive, o jogo foi criado para o jogador, para servir seu praticante, o que lhe dá uma condição de onipotência e onisciência quase divina por ser a razão de ser do jogo, seu início, meio e fim.
Com isso, terminamos essa série de análise dos componentes que constroem o jogo de xadrez. Espero termos conseguido ampliar a visão acerca desse jogo tão rico de possibilidades.
Nas próximas postagens, começaremos uma série de abordagens acerca da aplicabilidade do xadrez nas mais diversas áreas, como maquete para estudos e vivências, aperfeiçoando nosso conhecimento teórico e prático em cada área referenciada. Nossa primeira postagem será acerca da gestão no jogo de xadrez. O título será: XADREZ: UM JOGO PARA GESTORES.

Abraços
Fernando Manarim






sábado, 4 de abril de 2015

AS REGRAS DE XADREZ

AS REGRAS DE XADREZ

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            Regras são princípios normativos que têm como principal função moderar, regular, ordenar, autorizar ou vetar a coisa a ser formalizada. A regra disciplina e determina os limites acerca do usufruto do objeto a ser legalizado.
            Logo, as regras são fundamentais para equilibrar e justificar o que pode e o que não pode ser efetuado. Esses limites, essa fronteira, essa linha demarcatória, traz o que se conceitua com o nome de justiça, ou seja, dar oportunidades iguais e equivalentes a seus usuários, sem privilegiar nenhuma parte em prejuízo das demais. Isso porque regula e traz uma uniformidade igualitária para todos os que usufruem dela.
            Essa normatização é fundamental para um bom funcionamento do objeto a ser utilizado, pois faz com que todos possam atingir sua máxima potencialidade, caso consigam espelhar sua real natureza. Caso contrário, acaba paradoxalmente a ser o contrário de sua função original, levando injustiça, já que vai privilegiar uma parte. Isso causará o caos, a desarmonização, a desigualdade e todo tipo de abusos que, de certa forma, conhecemos tão bem em nosso país.
            No caso do xadrez, o conjunto de regras que a governam hoje, surgiram na Itália, durante o século XV, e foram sofrendo modificações lentas até o início do século XIX, quando atingiram a forma que conhecemos atualmente.
            As regras de xadrez são bem minuciosas e normatizam desde o número de jogadores que podem jogar uma partida, como o número de casas do tabuleiro, o número de peças por jogador, o movimento de cada peça, o objetivo do jogo, os resultados possíveis e as formas de o empregarem, o equipamento a ser utilizado, o controle de tempo de uma partida, a conduta ética dos jogadores, acomodações oficiais para a organização de um torneio, a notação da partida e as irregularidades possíveis que possam acontecer durante o jogo.

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            A primeira obra acerca das regras do xadrez, foi “Repetição de Amores e Arte de Xadrez, de Lucena, em 1497. Esse livro foi publicado para informar os praticantes do jogo dos novos movimentos da Dama, Bispo e o avanço duplo do peão.

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            Com o surgimento dos primeiros Clubes de Xadrez na Europa, no século XVIII, expandiu-se a necessidade de formalizar e unificar as regras pois cada clube tinha formas diferentes de interpreta-las e isso causava muitos problemas para a manutenção de justiça no jogo de xadrez.
            Esse foi um dos principais motivos para a criação de uma Federação Internacional de Xadrez, pois através dela, foi possível produzir um código internacional com a finalidade de sua unificação, principalmente em torneios oficiais e sob a sua chancela.

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         E é realmente o que percebemos ao praticar o jogo, pois notamos que tem uma normatização das mais bem elaboradas e uma das mais justas. Isso gera uma condição para seus praticantes de total isonomia, fazendo do xadrez um jogo que só depende do jogador e nada mais. Algo difícil de se observar na maioria dos casos.
            Na próxima postagem abordaremos a questão do jogador, último componente essencial da Arte de Sessa.
Saudações


Fernando Manarim

quinta-feira, 26 de março de 2015

AS PEÇAS - PARTE VII - OS PEÕES

PEÕES
PARTE VII


            Agora iremos para última postagem acerca das peças. Abordaremos os peões únicas peças a começarem na segunda fila, com número de peças com maior quantidade em comparação com as demais peças do jogo, totalizando o número de oito.
Na origem do xadrez, Sessa criou o peão para retratar a infantaria do exército indiano, inclusive a função que esta desempenhava durante a guerra. Como vimos, o xadrez nasceu da necessidade de dar repostas ao rei de Taligana, daí a preocupação de o jogo representar o desenho do exército daquele momento histórico.


Até o século XIV, ele só podia se mover uma casa para frente; somente no século XV o peão passou por transformações importantes: podia mover-se duas casas de sua posição original, ganhou a possibilidade da captura ”na passagem” (an passant) e a coroação do peão, que até então só podia se transformar em uma outra peça já capturada pelo adversário, a partir daquele momento podia ser coroada em qualquer peça independente de ela ter sido capturada ou não pelo adversário. Lembrando aos leitores que as peças que podem ser trocadas pelo peão coroado são: a Ranha, a Torre, o Bispo ou o Cavalo.
Os peões mais antigos foram encontrados no Uzbequistão, e são figuras de soldados apoiados em um dos joelhos, segurando espada e escudo, prontos para combater.


Para os islamitas, por não poderem representar figuras vivas, tem um design de um pequeno bloco cilíndrico.
Hierarquicamente, são as menores peças, respeitando a patente militar. São a primeira linha de combate, sem nenhum tipo de regalia, como um cavalo ou carro de guerra; devem avançar sem pensar, pois são os primeiros a serem sacrificados para abrir caminho nas fileiras inimigas.
Na pirâmide social, representam a massa, o povo em geral. Daí o peão ter movimentos tão limitados, pois isto retrata todos os automatismos, contratempos, fraquezas, entre outras características que lhe colocam numa posição de servidão e de poucas alternativas para a maioria 
deles.


Em número de oito, no Hinduísmo representam as Oito Virtudes: Compreensão, Coragem, Felicidade, Retidão, Conduta, Honestidade e Dignidade. No Budismo, o Nobre Óctuplo Caminho, caminho este que ao ser cumprido faz com que aquele que o atravessou alcance o Nirvana, seja coroado em um patamar mais elevado, progredindo, segundo sua tradição, na evolução do Universo.


Se fizermos uma comparação com a anatomia humana, os peões representam a ossatura de pouca movimentação, mas que estrutura toda a forma do corpo do indivíduo.
É para os jogadores de nível elevado o principal referencial estratégico e tático. É através de sua formação estrutural que sabemos onde estão os pontos débeis e os pontos fortes do jogo seu e de seu adversário.


Em valores absolutos, são as peças que valem menos, mas em valor relativo, é o valor básico da partida, tendo a mesma importância referencial monetária de 1 dólar ou 1 real, ou seja, é a base de todo erário de uma nação.
Por ter o menor valor absoluto é a principal peça a ser empregada por seu valor relativo, pois nenhuma peça vale menos que ela, logo ela pode atacar qualquer peça obrigando ao oponente se defender de tal ataque.
Como na estratégia militar, conhece-se a força bélica de um país pela sua infantaria, no xadrez escolhe-se determinada estratégia pela formação estrutural de sua linha de peões.
Temos o vício, na maioria dos casos, de achar que são as peças menos valiosas, mesma avaliação que fazemos acerca do povo, de funções menos importantes hierarquicamente dentro do mercado de trabalho e, assim por diante; mas, na verdade, é notório que são peças da mesma importância que as demais, pois dentro da estrutura do jogo cumprem funções singulares e basilares para o sucesso em uma partida. Em suma, o xadrez é uma ótima ferramenta para notarmos que não existe algo mais importante que outra, mas que tudo o que existe cumpre uma função primordial e que sem ela a “engrenagem” não funcionaria de maneira justa e harmônica.




Para as próximas postagens, iremos analisar a importância das regras para o jogo de xadrez.
Cumprimentos sinceros


Fernando Manarim

sexta-feira, 20 de março de 2015

AS PEÇAS - PARTE VI - OS CAVALOS


AS PEÇAS

PARTE VI

OS CAVALOS
 
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            Desde de sua criação pelo brâmane Sessa, o xadrez já trazia em sua composição a peça do cavalo. Sessa, no Chaturanga, incluiu o cavalo como forma representativa da cavalaria, como modelo fundamental do exército hindu daquele tempo.
 
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            O formato atual da peça foi criado no século XV na Europa e foi fruto do renascentismo, onde os artesãos revalorizavam a cultura clássica, adotando um design baseado na escultura da Grécia Antiga. Diferentemente das representações da peça na cultura árabe, que por não representarem figuras vivas, tem um desenho cilíndrico com inscrições do nome da peça nas laterais.

            Seu movimento, em L, ficou inalterado ao longo de toda a história do xadrez, podendo pular peças intervenientes e intrigando muitos por essa forma distinta de se movimentar em relação às demais peças. Por isso, é a peça mais enigmática e que atrai mais interesse por parte da maioria dos praticantes.

            Por seu movimento diferenciado, ele sempre chamou muito a atenção de estudiosos, especialmente os matemáticos, que teorizaram acerca do que eles próprios chamaram de Problema do Xadrez, ou Passeio do Cavalo. O cavalo é colocado no tabuleiro vazio e respeitando as regras do jogo, necessita passar por todas as casas apenas uma vez em movimentos consecutivos.
 
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            Esse problema aparece no livro de Bhagavantabháskara escrito no século XVI. Durante séculos inúmeras variações foram analisadas por matemáticos, e uma das soluções mais famosas proposta foi a utilização do padrão do retângulo de ouro de Fibonacci.
 
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            Outro refinamento apresentado para a solução do problema foi proposto por Rudrata que consiste num poema, que quando a leitura é realizada diretamente, como se não houvesse tabuleiro, gera o mesmo poema que quando lido de acordo com as regras de movimentação da peça.

            Simbolicamente, para as civilizações antigas, a peça do Cavalo representava conceitos como trabalho, ousadia e astucia, valores próprios do animal e que psicologicamente auxiliaram seus praticantes a trabalhar e eliminar medos, adversidades, temores, etc.

            A forma de seus movimentos remete à cultura pagã e a seus discípulos posteriores, os Maçons e Rosacruzes, já que a maneira que ele se desloca nos remete ao esquadro e ao compasso, símbolos fundamentais para as escolas esotéricas supracitadas, derivados do L, que no sistema de numeração romana tem o valor 50, onde 5+0, aponta para a Lei do Rigor, representando o que eles denominavam de Dharma, a Lei Natural. Daí a peça ser desenhada na forma de cavalo, nos remetendo à cavalaria do exército, nos referenciando às Ordens Militares, cuja principal função na sociedade é a manutenção e o cumprimento da Lei e da Ordem, o Dharma social.
 
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            Quanto ao esquadro e ao compasso, símbolos sagrados para os maçons, elas simbolizam as duas principais ferramentas com que se pode construir e dar forma à qualquer coisa no Universo.  São famosas as construções antigas, como a dos templários, que ergueram vultosas catedrais do estilo gótico, que até hoje nos maravilha, e que para sua arquitetura, se usaram apenas e tão somente do esquadro e do compasso. Geometrizaram da mesma maneira que o movimento do cavalo geometriza no tabuleiro.

Eis o papel do cavalo no jogo, preparar apternativas para que o jogador consiga atingir a meta do xadrez, atingir a posição do xeque-mate. Ele pertence ao mesmo grupo do bispo, peças que auxiliam na expansão das demais peças no tabuleiro, preparando terreno para que as peças arrematadoras, Rainha e Torres, possam evoluir no tabuleiro para conquistar o reino adversário.

Na próxima postagem apresentaremos os peões, última parte da seção das peças do jogo de xadrez.

 Saudações sinceras a todos!!!

 

Fernando Manarim

 

           

           

terça-feira, 17 de março de 2015

AS PEÇAS - PARTE V - OS BISPOS


PEÇAS

PARTE V

OS BISPOS

 

            Os Bispos, como os conhecemos hoje, são peças atuais, originadas como tais, quando o jogo chegou na Europa, no século XII, na Idade Média. São peças emblemáticas que ilustram a sociedade ocidental daquele período.  Tanto isso é verdade, que por causa do peso e influência que a religião cristã detinha naquela época, seus movimentos foram potencializados e aumentados desde então.
 
 
            No Chaturanga hindu, os Bispos não existiam, sendo incluído apenas no século XII na Europa. Para eles era chamado de Elefante. Seu aparecimento na Idade Média fez com que, graças a força que a Igreja Cristã detinha nessa época, a peça ganhasse a forma de uma Mitra (Ornamento que os Bispos da Igreja utilizavam em sua cabeça).

            O predecessor do Bispo, no Shatranj Persa era nomeado como Alfil ou Pil, movia-se duas casas em diagonal, pulando a primeira casa, mesmo se estivesse ocupada. Assim, estava restrito a oito casas no tabuleiro e, com um agravante, um Alfil não podia atacar um Alfil adversário.

            É importante notar que para chegar ao Bispo atual, essa peça passou por diversos nomes diferentes, dentro da Europa. Na Itália, seu nome foi modificado para Alfiere, significando “Porta-estandarte”. Na França ficou conhecida com o nome de Aufin, “Bobo da corte”, tendo esse significado até hoje para eles. Na Alemanha e Dinamarca, leva o nome de Laufer e Looper, respectivamente, com significado de “Corredor”.

            Os Bispos são peças que na sociedade medieval simbolizavam aqueles que estavam mais próximos do rei (assessores diretos), já que eram os únicos alfabetizados e por isso fundamentais na implementação e administração da população medieval na Europa; daí as peças se posicionarem ao lado do Rei e da Rainha no tabuleiro.

            Para os Gregos antigos, eram alegorias das lanças, por isso seu movimento ser em diagonal.

            Mas, obviamente, os Bispos são fundamentalmente os representantes das Ordens Religiosas existentes tanto dentro quanto fora de todas as Religiões. Na verdade, é impossível pensar uma sociedade, uma civilização, ou mesmo uma cultura, sem religiões e suas respectivas ordens. Eles são essenciais para a imposição dogmática e temerosa na manipulação e controle das massas.

            Inclusive, quando foram criados na Idade Média, os Bispos, graças ao seu movimento diagonal, onde não mudam de cor, ilustravam o Verbo apregoado pelas religiões, nunca sendo de maneira direta, transparente, claro, mas, sempre de difícil percepção para aqueles que coabitam no espaço limitado do Tabuleiro (Vida). “Deus escreve certo por linhas tortas”. A não mudança de cor no tabuleiro simboliza a retidão e a pureza divina que eles anunciam como representantes e únicos com acesso ao “Pai”.

            São peças que devem ser desenvolvidas logo depois dos peões, por isso, são peças que preparam o terreno para que as peças maiores (Rainha e Torre) possam definir a partida.

            São de valor similar aos cavalos, dentro da hierarquia das peças. Peças que serão abordadas na próxima postagem.

 

Saudações cordiais

 

Fernando Manarim

quarta-feira, 11 de março de 2015

AS PEÇAS - PARTE IIII - AS TORRES


AS PEÇAS

PARTE III

 

AS TORRES
 
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            Para os antigos a Torre pertence ao mesmo grupo da Dama, ou seja, peça decisiva por seu movimento amplo e poderoso, se projetando pelo mesmo número de casas no tabuleiro, independente da casa em que se encontre. Como a Rainha, ao se movimentar cobre as casas de ambas as cores.

            A Torre era para a ciência dos antigos uma manifestação do corpo emocional, graças a potência que adquire no final de jogo, pertencente à mesma família estratégica da Dama, como já havia mencionado no parágrafo acima.
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            Na sua primeira versão, no Chaturanga, a torre era a Biga, um carro de guerra movido por três cavalos, muito comum à época. Eles diziam que as torres representavam, no tabuleiro, as ordens políticas do Poder, pois elas representavam os limites do tabuleiro e do reino. Além disso, seus movimentos na horizontal e vertical, eram semelhantes a uma representação gráfica do espectro político vigente, dentro do padrão de Maquiavel dos dois eixos, X e Y, onde o comando é exercido verticalmente sobre o povo horizontalizado.

            Para o conhecimento antigo, simbolizavam o estado de alerta, de percepção e através delas os jogadores poderiam vislumbrar as novidades do extramuros, seja internamente, como também externamente.
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            Para os esotéricos das lojas maçônicas e rosa-cruzes, as duas torres eram o reflexo das colunas do Templo, a coluna Dórica e Jônica: Boaz e Jakin. As duas Torres representavam, para eles no jogo, os conceitos de força e beleza, chave para jogar uma partida da forma mais completa e perfeita possível. A junção da força e da beleza é a comprovação de que o estrategista atingiu a potencialidade que se pode atingir tanto no jogo de xadrez, quanto na condução de sua existência. Também é através delas que se adentra no templo, significado extremamente simbólico e profundo para à filosofia esotérica, da qual eles creem.

            Até o aparecimento da Rainha, a Torre era a peça mais poderosa do jogo, e por causa disso, era à ela que se anunciava xeque (Shah-rukh) ao ataca-la e não ao Rei, como veio a acontecer posteriormente.
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            Já na Rússia a Torre recebe o nome de Ladia, que significa barco, veículo que tinha para eles a mesma importância que a Biga para os hindus antigos.

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            Na Europa medieval, época que o xadrez foi apresentado pelos árabes, a Torre foi deixando de representar um carro de guerra e passou a ganhar um novo significado, alterando seu nome para Rocca, Fortaleza. Que é sua atual representação iconográfica. Também, representava o que eles chamavam Torres de Cerco, um elemento do exército medieval que tinha o formato da Torre do xadrez, construída em cima de uma estrutura de rodas, que tinha como principal função ajudar na invasão das fortalezas inimigas.
 
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            Logo, por ser uma peça extremamente decisiva e utilizada para finalizar uma partida, deve ser muito utilizada dentro do que sua natureza permite, pois só assim, o jogador poderá aproveitar ao máximo todas as suas qualidades e virtudes, seja no tabuleiro, seja na Torre que abrigamos dentro de nós mesmos ou na sociedade que estamos inseridos.

            Espero ter conseguido acrescentar mais informações e conhecimento acerca dessa peça tão importante e que, de todas, a que menos sofreu modificações quanto ao seu movimento e possibilidades.

            Abraços

            Fernando Manarim